ORA AQUI VAI UMA NOTICIA QUE LI A PROPÓSITO DA RETENÇÃO DE TALENTOS E QUE SÓ ME FAZ QUESTIONAR: PORQUÊ FICAR?
E os burros são eles?
Atrair, desenvolver e reter talentos, num clima de alto desempenho é, segundo um estudo da Universidade de Michigan, o grande desafio das empresas, das organizações e dos países. Esta conclusão, publicada em 2001, ganhou entretanto uma dimensão global. Hoje, na economia do conhecimento, as pessoas tornaram-se o activo mais importante das organizações e dos países.
Se isto é verdade lá fora, qual é a situação em Portugal? Começando pela identificação de talentos rapidamente se constata que não há, por exemplo, uma política nacional para descobrir talentos desde o ensino primário, como o fazem países como os Estados Unidos ou o Reino Unido. Basta dizer que 15% da população tem potencial genético para alcançar o virtuosismo numa determinada área para perceber a dimensão da oportunidade em termos de gestão do capital humano. Por outro lado, também não se conhece nenhuma política para desenvolver os talentos que, naturalmente, se destacam. Parece que a principal preocupação do sistema educativo é o insucesso escolar e a indisciplina nas escolas. Potenciar o sucesso, investindo na educação dos talentos, não é, decididamente, uma prática nacional.
Quanto à retenção de talentos, a situação é também paradigmática. Segundo um relatório do Banco Mundial, Portugal é o país da Europa mais afectado pela “fuga de cérebros”. Cerca de 20% dos licenciados portugueses (50.000) saíram do país para trabalhar, o que dá uma imagem clara da capacidade de retenção dos talentos nacionais. Mais curioso, é que isto se verifica num país que tem como bandeira mais emblemática o Plano Tecnológico.
No entanto, enquanto Portugal desperdiça talentos, países como o Canadá e a Austrália, os líderes mundiais em políticas de imigração, investem fortemente na atracção de pessoas flexíveis, empreendedoras e altamente qualificadas, sem gastar um tostão na sua formação.
O Canadá recruta anualmente cerca de 130.000 pessoas através do “programa de trabalhadores qualificados” e possui equipas profissionais de “caça-talentos” que operam em diversos países, numa óptica de gestão de capital humano. A Austrália, com um sistema semelhante, recruta anualmente cerca de 77.000 trabalhadores qualificados. Deste modo, não é de estranhar que a percentagem de população nascida no exterior seja já de cerca de 19% no Canadá e de cerca de 11% na Austrália. Outro exemplo vem dos Estados Unidos onde os números falam por si: 70% dos quadros são imigrantes.
Pelo contrário, entre nós é bem conhecido o fenómeno da imigração ilegal. Durante anos o país fechou os olhos a esta realidade pois a prioridade era a conclusão das grandes obras. Contudo, a crise e o tempo têm vindo a por a nu os perigos da imigração ilegal, muitas vezes associada ao crime organizado e ao tráfico de pessoas.
Um exemplo que espelha bem a política de atracção e retenção de talentos em Portugal tem a ver com os imigrantes de leste. Quem não ouviu falar de histórias de pessoas altamente qualificadas (médicos, músicos, engenheiros, cientistas) a trabalhar como serventes da construção civil e empregadas de limpeza? À excepção de alguns casos de talentos bem aproveitados no desporto e nas artes, Portugal pode dar-se ao luxo de desperdiçar os talentos oriundos do exterior e, mesmo assim, liderar a exportação de talentos na Europa.
É caso para perguntar, e os burros são eles?
“Existe algo muito mais escasso, fino e raro que o talento? O talento para reconhecer os talentosos”, Elbert Hubbard ...
Vitorino Seixas
a bola
E os burros são eles?
Atrair, desenvolver e reter talentos, num clima de alto desempenho é, segundo um estudo da Universidade de Michigan, o grande desafio das empresas, das organizações e dos países. Esta conclusão, publicada em 2001, ganhou entretanto uma dimensão global. Hoje, na economia do conhecimento, as pessoas tornaram-se o activo mais importante das organizações e dos países.
Se isto é verdade lá fora, qual é a situação em Portugal? Começando pela identificação de talentos rapidamente se constata que não há, por exemplo, uma política nacional para descobrir talentos desde o ensino primário, como o fazem países como os Estados Unidos ou o Reino Unido. Basta dizer que 15% da população tem potencial genético para alcançar o virtuosismo numa determinada área para perceber a dimensão da oportunidade em termos de gestão do capital humano. Por outro lado, também não se conhece nenhuma política para desenvolver os talentos que, naturalmente, se destacam. Parece que a principal preocupação do sistema educativo é o insucesso escolar e a indisciplina nas escolas. Potenciar o sucesso, investindo na educação dos talentos, não é, decididamente, uma prática nacional.
Quanto à retenção de talentos, a situação é também paradigmática. Segundo um relatório do Banco Mundial, Portugal é o país da Europa mais afectado pela “fuga de cérebros”. Cerca de 20% dos licenciados portugueses (50.000) saíram do país para trabalhar, o que dá uma imagem clara da capacidade de retenção dos talentos nacionais. Mais curioso, é que isto se verifica num país que tem como bandeira mais emblemática o Plano Tecnológico.
No entanto, enquanto Portugal desperdiça talentos, países como o Canadá e a Austrália, os líderes mundiais em políticas de imigração, investem fortemente na atracção de pessoas flexíveis, empreendedoras e altamente qualificadas, sem gastar um tostão na sua formação.
O Canadá recruta anualmente cerca de 130.000 pessoas através do “programa de trabalhadores qualificados” e possui equipas profissionais de “caça-talentos” que operam em diversos países, numa óptica de gestão de capital humano. A Austrália, com um sistema semelhante, recruta anualmente cerca de 77.000 trabalhadores qualificados. Deste modo, não é de estranhar que a percentagem de população nascida no exterior seja já de cerca de 19% no Canadá e de cerca de 11% na Austrália. Outro exemplo vem dos Estados Unidos onde os números falam por si: 70% dos quadros são imigrantes.
Pelo contrário, entre nós é bem conhecido o fenómeno da imigração ilegal. Durante anos o país fechou os olhos a esta realidade pois a prioridade era a conclusão das grandes obras. Contudo, a crise e o tempo têm vindo a por a nu os perigos da imigração ilegal, muitas vezes associada ao crime organizado e ao tráfico de pessoas.
Um exemplo que espelha bem a política de atracção e retenção de talentos em Portugal tem a ver com os imigrantes de leste. Quem não ouviu falar de histórias de pessoas altamente qualificadas (médicos, músicos, engenheiros, cientistas) a trabalhar como serventes da construção civil e empregadas de limpeza? À excepção de alguns casos de talentos bem aproveitados no desporto e nas artes, Portugal pode dar-se ao luxo de desperdiçar os talentos oriundos do exterior e, mesmo assim, liderar a exportação de talentos na Europa.
É caso para perguntar, e os burros são eles?
“Existe algo muito mais escasso, fino e raro que o talento? O talento para reconhecer os talentosos”, Elbert Hubbard ...
Vitorino Seixas
a bola
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